Friday, October 26, 2012

Lembrar de me esquecer


Sistematicamente esqueço-me de mim. Dias há em que invento, transformo, corro, ando para trás, para o lado, em frente... Porém, a dádiva pontual dos dias preguiçosos permite-me optar pelo contrário e ficar comigo, só comigo. Apesar de difícil de aturar, não o escondo, é um mal necessário! Que remédio tenho eu!? Neste momento em que comigo estou, a parvoíce escorreita destas palavras justifica o que descrevi. Invariavelmente, quer esteja comigo ou a deambular na procura de algo, perco-me no nada e esqueço-me de mim. É que nem quando comigo estou, de mim me lembro! É obra! E quando me lembro já é tarde. E é sempre tarde por culpa do tempo que nunca tarda em passar. Entretanto, os ponteiros do relógio, esses ditadores de aparência inofensiva, fazem-me lembrar de mim. Ele há textos por ler, variáveis por combinar, regressões e... Ufff! O fim-de-semana tá aí e eu p'aqui a bolir! Apetece-me esquecer que tenho de me lembrar. Talvez a melhor forma de me lembrar seja esquecer.

Sunday, October 21, 2012

The Heart Asks Pleasure First

Intenso.
Pleno.
Repleto.
Talvez… Vil. 

No âmago da minha embriaguez musical mora um tema que teimo em não ouvir recorrentemente. O medo de transformar a magia em banalidade faz com que adie o privilégio de o ouvir durante anos. SobrevivoAprendo a viver com a sua ausência na certeza de que, quando o voltar a ouvir, sentirei, de novo, aquele arrepio. 


Os metros de decibéis – muitos! – confundem-se com o espaço e preenchem-me a mente. À medida que sacio a saudade, com a repetição do tema vezes sem conta, a magia emerge. Percorre-me de fio a pavio. 

Entretanto, dou-me conta que também os objetos parecem gostar. Até as letras, que por ora escrevo, saem naturalmente risonhas. O momento é sublimeRegozijo-me com o último pulsar e ambiciono que este pequeno prazer perdure. Porque são estes pequenos nadas que me oxigenam a mente, espero-te daqui a seis meses, talvez um ano, na esperança que a subtileza do momento se repita.

Obrigado Michael Nyman!  

Sunday, October 14, 2012

Resistir


Coloquem-se duas hipóteses para reflexão:

1ª hipótese - A TSU (18%) caiu por ser uma medida sem sentido algum.

2ª hipótese – A TSU (18%) caiu porque o povo, no saudoso 15 de Setembro, saiu à rua para manifestar a sua indignação.



Como sabeis, e é uma novidade neste país, são permitidas inconstitucionalidades ou ilegalidades. Como tal - linguagem estatística à margem -, existe significância popular para não aceitar a 1ª hipótese.

Com a queda da TSU, propõe-se agora um aumento brutal de impostos para 2013. Caso nada façamos e optemos por permanecer na nossa zona de conforto, não tenho dúvidas de que o tsunami fiscal será implementado e que terá um impacto muito superior ao esperado na economia portuguesa. Recorrentemente, tenho juntado a minha voz à de muitos portugueses e mostrado a minha indignação na rua. No entanto, vejo, com tristeza, que o efeito 15 de Setembro está diluir-se no pântano em que nos querem submergir. E, acreditem, a espiral recessiva será tal que pouco ou nada sobrará – e o pouco que sobrar é para quem se recusa a andar de clio! Porque entendo que devo continuar a lutar pelos meu direitos no meu país, não por defeito mas por feitio, amanhã estarei, uma vez mais, numa manifestação junto à Assembleia da República. 

Entretanto luto no meu país mas temo que a indiferença do nosso povo me faça desistir e que passe a ver, à distância de um continente, o dilúvio de um país que abdicou de o ser. A minha ambição de abraçar uma carreira internacional não é nova, oxalá se concretize algum dia, mas, mesmo à distância, detestaria ver o país definhar devido à resignação e indiferença popular. Nesse momento, até pela riqueza histórica de que nos deveríamos honrar enquanto nação, sentir-me-ia envergonhado. Oxalá a nossa opção seja a de mostrarmos a nossa indignação face ao roubo de que estamos a ser alvo! Existem múltiplas alternativas face à política económica vigente, assim tenhamos nós a coragem de as defendermos na rua! Até amanhã! 

Tuesday, October 09, 2012

Hugo Chávez


Ontem, dia 8 de outubro de 2012, o FMI divulgou o crescimento económico previsto para 2012 na américa latina (3,2%), ou seja, inferior ao nível de crescimento registado em 2011. De acordo com a mesma fonte, em 2012, a Venezuela crescerá 4,74%, ou seja, superior ao crescimento verificado em 2011 e ao crescimento estimado para a américa latina no seu todo. De 1980 até 1998 (antes de Chávez), a economia venezuelana cresceu, em termos médios, aproximadamente 1,40% ao ano (Fonte: FMI). Já com Chávez no poder, de 1999 até 2012 (valor estimado), a economia venezuelana cresce, em termos médios, 2,95% ao ano (Fonte: FMI). São médias, é certo, mas, com Chávez, a economia venezuelana cresceu mais do dobro, sendo o valor médio de investimento superior em 4% face ao investimento registado nas décadas de 80 e 90 do século anterior (Fonte: FMI). Em 1998, antes da subida de Chávez ao poder, o desemprego excedia os 11%, hoje está estável na casa dos 8%. Relativamente ao estrato social, a CEPAL (Comissão Económica para América Latina e o Caribe) refere que o número de venezuelanos em situação de pobreza registou uma redução de 27,8% (dados de 2010) e que hoje, com base no coeficiente de gini, a Venezuela é o país da américa latina com menor desigualdade entre ricos e pobres (Fonte: ONU). Dito desta forma parece que a Venezuela é um paraíso. Não o é e, infelizmente, está ainda longe de o ser. As décadas de 80 e 90 do século passado foram desperdiçadas e há muito por fazer, designadamente na diversificação de fontes de rendimento alternativas ao sector petrolífero. Podemos não gostar do estilo, do discurso ou da postura mas Chávez tem obra feita e o resultado eleitoral espelha isso mesmo. Bem haja!

Monday, September 17, 2012

Tenho os pés colados!

Se não sonhar voar nem sequer conseguirei saltar! A cadência deste pensamento, cada vez mais ininterrupta na minha mente, suscita-me alguma desconfiança. É que me deparo com barreiras intransponíveis que me tolhem os movimentos e me colam ao chão. Caramba, já nem saltar consigo! A força de não querer ganha força, a cabeça ressente-se e a motivação esvai-se num espaço em que a equidade é uma palavra vã. Perdura a injustiça no espaço dos que se dizem justos e, segundo temo, cuja justiça se encarregará de ilibar. Exceção feita a tudo, nada passa incólume. Uns crescem e outros há que minguam. Outros ainda, no sentido dos anteriores mas por influências de seres alienígenas, são empurrados para cima ou puxados para debaixo do chão. Sim, porque ainda há espaço abaixo do que pensamos ser o limite inferior. Se o chão já eu conheço – fui pisado várias vezes nos últimos tempos -, resta-me perceber o que se passa por baixo dele. Sem ponta de ironia, anseio por esse momento! Não porque espere encontrar um trampolim no alçapão da felicidade mas porque acredito que será uma passagem para uma realidade melhor. Já que a trajetória é descendente e que, por ora, estou ao nível da calçada, espero descer ao limite para poder mergulhar num espaço efémero que me conduzirá aos píncaros de uma outra realidade. E parto do céu novamente. E ambiciono não chegar ao chão outra vez. E… continuo a sonhar! É bom pensar que irei saltar outra vez! Estou em crer que as barreiras, agora cirurgicamente colocadas, deixarão de existir no futuro, pelo menos as que emergem num piso repleto de cola patex!

Saturday, June 16, 2012

A lata tem limites! Para os alemães eles não existem... ou somos nós que não existimos?

"How is business research helping to overcome the euro debt crisis?" - Sessão do Congresso Anual VHB - Itália

Esta é a questão que estou ver debatida na casa de um dos países com maior urgência na resolução da crise da dívida soberana, a Itália. Uma vez que a dita sessão decorre no âmbito de um congresso internacional organizado por investigadores alemães, a nação que tem criado mais obstáculos à resolução da crise faz-se representar com um painel de oradores integralmente germanico. O título da sessão fará supor a aparição de contributos à questão formulada, e tão necessários o são na atualidade! Contudo, para minha surpresa, uma vez que até ao momento nas restantes sessões que presenciei prevaleceu sempre o recurso à língua de Shakespeare, a sessão decorre em alemão escorreito para compreensão de todos os participantes. De facto, restam poucas dúvidas de que os alemães mostram uma abertura total ao debate dos problemas do euro. Um congresso internacional realizado em solo italiano e os oradores - cuja credibilidade não ponho em causa pois não percebo patavina do que dizem - expressam-se em alemão! Presumo ser sintomático da posição da Alemanha nesta matéria, a qual tenho o privilégio de presenciar "in loco" durante curtos 15 minutos que se esfumam rapidamente com a conclusão deste pequeno texto. Vou virar costas à sessão, literalmente!



Friday, March 09, 2012

Capitulo Perfeito I - A Onda que não exige Capital


Tenho uma posição completamente contrária às privatizações de sectores estratégicos da nossa economia. No entanto, apesar de se sucederem a um ritmo acima do desejável, quem se apropria de parte do capital de uma empresa paga! Neste caso, com uma pequena diferença, assistimos à privatização das ondas em Peniche com a realização de campeonatos de algibeira! A diferença é que quem privatiza não quer pagar! Sim, leram bem, pagar! Neste caso particular, por exemplo, o acto de pagar poderia passar: (i) pela melhoria das zonas envolventes de algumas praias de Peniche, (ii) pelo apoio ao clube local através do fornecimento de alguns materiais imprescindíveis ao seu funcionamento, (iii) por diversas acções promocionais nas escolas do Concelho com o objectivo de sensibilizar os jovens para a prática do surf, (iv) por eventuais investimentos que gravitam em torno da modalidade, geradores de emprego (local) e em prol da dinâmica económica local.

São pequenos exemplos que me ocorrem cujas entidades promotoras devem ter em consideração aquando da realização de um qualquer evento na dita Capital da Onda. O epíteto que dá conta do posicionamento de Peniche na fileira da onda – Capital da Onda - não poderia ser mais feliz. É que, assuma ele as mais diversas formas, a Onda exige o Capital de quem dela usufrui.

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"Pelas tuas mãos medi o mundo  E na balança pura dos teus ombros  Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua." Tu, sempre tu, minha pr...