Friday, August 24, 2018

"Sabores da Música de Cá"? Festival sim, mas evitem "(dis)Sabores", por favor!!!!


É sabido que grande parte da população portuguesa reivindica há muito que 1% do Orçamento do Estado seja canalizado para a Cultura, coisa que, e aqui faço a minha declaração de interesses, além de concordar com essa posição julgo pecar por escassa. Não obstante esta pretensão nunca passar disso mesmo, há muitas cidades ou vilas que se têm vindo a apetrechar – na minha ótica muito bem! - com centros culturais, invariavelmente à boleia de quadros comunitários de apoio que se vêm sucedendo há anos, embora com diferentes nomenclaturas formais. Nós, em Peniche, não temos nenhum, mas, enquanto munícipe, espero que um dia venhamos a ter, desejavelmente antes de D. Sebastião aparecer. À falta desse espaço, é certo que algumas iniciativas vão ocorrendo aqui e acolá, sendo de louvar quem se digna a fazê-lo em sítios cujas condições estão longe de ser ideais para expor o seu trabalho. 

Concretamente na vertente musical, é de louvar o Festival 'Música de Cá’, o qual decorre desde 2015 e pretende dar visibilidade ao trabalho que as bandas do concelho de Peniche vêm fazendo, ou mesmo bandas que, não sendo “de cá”, são compostas por alguns músicos oriundos do concelho. Em momentos de lucidez que já não regressa, também eu no passado arranhei uns acordes e, invariavelmente, tenho proximidade com muito pessoal que tem projetos musicais em curso. Também, por isso, confesso que sempre ouvi alguma celeuma quanto ao ser músico “de cá” ou “de lá”, ou relativamente à construção de projetos “em cima do joelho” só para ir ao dito Festival, assim como no que respeita aos critérios de  seleção das bandas, designadamente quanto à transparência do processo em si. Contudo, independentemente da legitimidade da contestação – e não estou a tirar legitimidade nenhuma às alegações que ouvi/li ano após ano, algumas delas tornadas públicas! -, o Festival tem tido o condão de superar essas vicissitudes e de nos fazer vibrar com o espetáculo em palco! 

Desde 2015, apesar das usuais reuniões com as bandas, julgo apenas que os músicos que têm sucessivamente ficado do lado de fora do Festival deviam ter o direito efetivo de expressar os seus acordes contestatários junto de quem de direito, sendo avaliada a legitimidade dessa contestação com o intuito de implementar potenciais medidas benévolas para a edição seguinte do Festival. Esta opinião – e vale o que vale! – conduz-me a uma questão que, infelizmente, parece fazer sentido: com o curtíssimo cartaz deste ano, haverá próxima edição do Festival 'Música de Cá’? 

Com tantas bandas/projetos de Peniche a atuarem uma/duas/três vezes por semana, de Peniche ao Baleal – algumas já por toda a zona oeste! -, bandas com elementos de Peniche que dão espetáculos de norte a sul do país, contam-se na edição deste ano apenas quatro projetos? Quatro!? Desconheço por completo a razão de tal situação mas, principalmente enquanto espetador e sem colocar minimamente em causa o valor dos projetos em causa da edição de 2018 – quem me conhece sabe que gosto e sigo alguns! -, limito-me a constatar o óbvio: nunca o Festival 'Música de Cá’ teve tão poucas bandas/projetos, exatamente metade do número do ano passado! A saber:

2015 – 7 projetos
2016 – 11 projetos
2017 – 8 projetos
2018 – 4 projetos

Face à pergunta sobre a continuidade do Festival, desejo que haja uma resposta cabal dos responsáveis locais para que, já no ano vindouro, tenhamos o Festival 'Música de Cá’ com maior diversidade de bandas/projetos locais. Apesar do exposto, devo louvar a continuidade da iniciativa! 

Finalizo, fazendo votos sinceros para que este post perca todo o seu sentido no que toca ao Festival 'Música de Cá' e que a iniciativa continue mais pujante em 2019, para que não venhamos a ser brindados com novos “Sabores do Mar”! 

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"Pelas tuas mãos medi o mundo  E na balança pura dos teus ombros  Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua." Tu, sempre tu, minha pr...