Esbracejo na tentativa de ficar à tona,
Mas vejo-me com peso a mais.
Por ora, o fundo é a minha casa,
A podridão, à superfície, o meu telhado.
Por aqui tudo é escuro,
Os podres lá em cima fazem sombra.
É difícil, mas eu consigo vê-los,
E consigo falar deles,
E deles continuarei a falar.
Acorrentado na corrente,
Tateio o fundo que me resta,
À procura de apoio para emergir.
Um dia será aquele dia,
Uma perpetuidade para viver,
Não para ser abutre,
Chegam-me os que vejo daqui.