Wednesday, March 30, 2011

Caleidoscópios


"Antes fosse claro escrever sobre isto. Mas há pessoas que parecem ter caleidoscópios dentro delas. Como se fossem feitas de milhares de pedacinhos coloridos, todos diferentes entre si. Por fora não se vê. Parecem normais. Pudesse alguém abri-las. Ou soubesse alguém olhá-las. Mas a verdade é que nessas pessoas se sente uma espécie de agitação permanente que impossibilita, a maior parte das vezes, que as entendamos na totalidade. Sobressaem nos encontros e nos sítios como girassóis brilhantes num campo raso de margaridas. Na volta, pergunto-me, todas as pessoas são pessoas-caleidoscópio. Apenas não lhes é dito quando são pequenas que podem ser assim. Apenas não tiveram a coragem de mergulhar nesse vórtice de possibilidades e potenciais conjugações e descobrir que são assim. Dá trabalho, fazer isso. Exige escolhas e ação.
Criámos um vício, nós. Achámos que nos era muito útil engavetarmo-nos em tipos e classificações genéricas e reduzir a realidade a grandes grupos. Eu, que vivo fascinada pelas diferenças e tendo a escapar-me às generalidades, fico paralisada perante grupos com nomes interessantes como "as mulheres", "os homens", "os engenheiros", "os políticos", "os médicos", "os jovens". Reconheço as vantagens da classificação, claro, em contextos de análise socioeconómica, mas fico por aí. Tira-me do sério esta mania que temos de reduzir a realidade a gavetas, quando o que realmente interessa é o que nos diferencia individualmente e a coexistência ativa dessas diferenças no meio deste grande espaço comum que é a sociedade. Não, não somos todos pessoas-caleidoscópio. Nem precisamos de ser. Precisamos, para que o mundo avance, é de ter a coragem de criar espaço real para o exercício da diferença ao mesmo tempo que alimentamos o que nos une. Tão fácil como parece. Como em tudo, é só uma questão de escolha"

Guta Moura Guedes in Revista Única do Expresso

Tuesday, March 29, 2011

Henrique Raposo - Jornalismo míope?

O excerto que se segue respeita a um comentário que efectuei a um artigo de Henrique Raposo, jornalista do Expresso. No seu último artigo, intitulado "Anular o BCP", Henrique Raposo refere que o mau momento que assola Portugal é da responsabilidade do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. Pasme-se, do BE e do PCP! Assim, retorqui da seguinte forma:

”Como é possível ter esta visão da cena política!? Face à lucidez do diagnóstico que efectua, ausente do princípio ao fim do artigo, abstenho-me de o apreciar criticamente com detalhe pelo limite de caracteres que me é aqui imposto (no espaço para comentar a coluna do Expresso). Apenas dizer que a revolta que demonstra face aos partidos de esquerda, PCP e BE, tornam verdadeiramente míope o conteúdo de uma coluna de opinião que, supostamente, deveria ombrear politicamente, em sentido antagónico, com a coluna de opinião de Daniel Oliveira. Muito aquém do que uma visão de direita deveria explanar! As inúmeras considerações pouco abonatórias ao trabalho deste jornalista (!?) deveriam ser objecto de análise:


- http://cogitare.forumenfermagem.org/2010/04/a-lata-do-jornalista-henrique-raposo/
-
http://www.ateismo.net/2010/03/03/as-provocacoes-do-sr-henrique-raposo/

- http://blog.luispedro.org/posts/quem-e-o-henrique-raposo-para-falar-de-alto "

Tuesday, March 15, 2011

Afinal, quem é Pedro Passos Coelho (PPC)? O homem, tal como Sócrates, tem mérito!*


De uma estirpe similar à de Sócrates, PPC, ao que presumo, não terá concluído a sua licenciatura a um Domingo. Talvez a tenha concluído num Sábado? Num Feriado!? Se calhar, contrariamente a Sócrates, terá obtido o diploma num qualquer dia da semana. O elemento comum entre os dois é o ensino privado – Sócrates deu, literalmente!, cartas na U. Independente, PPC privilegiou a U. Lusíada. Descansai portugueses que a continuidade está assegurada pelo perfil similar entre os dois. Vejamos...

PPC conta actualmente com 47 anos de idade e concluiu a sua licenciatura em economia com 36 anos de idade. E, dito isto, não advém daí algum mal! As vicissitudes da vida ditam muitas vezes a obtenção de um diploma alguns anos mais tarde, cujo mérito para sua obtenção não deve ser minimamente beliscado. O que vos proponho é uma análise ao CV de PPC pré e pós licenciatura. Antes de ser licenciado, PPC leccionou matemática na Escola Secundária de Vila Pouca de Aguiar, foi colaborador e relações públicas na Quimibro e consultor na Tecnoforma. Para uma pessoa sem o dito canudo, convenhamos que PPC se movimentava bem no mercado. Após concluir a licenciatura, deixo para vossa apreciação o conjunto de cargos que PPC desempenhou (pode consultar o CV de PPC aqui).

Parece-me no mínimo estranho que, volvidos apenas dois anos após a obtenção do dito canudo, seja nomeado Director (Núcleos Urbanos de Pesquisa e Intervenção). Observe-se ainda no seu CV que, 3 anos após a obtenção do canudo, ou seja, em 2004, PPC desempenhou 3 cargos de administração, 2 cargos de consultoria, 2 cargos de direcção e ainda funções de docência no ensino superior – 8 cargos diferenciados, dos quais 5 de topo, num só ano é obra! Mas pasme-se o leitor que PPC consegue manter o ritmo de trabalho repetindo a façanha nos anos seguintes desmultiplicando-se em diferentes funções ao longo dos anos. PPC demonstra ter fibra inigualável no desempenho das funções de topo que lhe foram confiadas. Não está ao alcance de qualquer um! No mínimo, desgastante!

Vejamos a distribuição de cargos atribuídos a PPC (2001-2009):

2009- 6 cargos

2008- 7 cargos

2007- 9 cargos

2006- 8 cargos

2005- 7 cargos

2004- 8 cargos

2003- 3 cargos

2002- 2 cargos

2001- 2 cargos


Em média, de 2001 a 2009, PPC desempenhou 6 cargos por ano. Se tomarmos em consideração que essencialmente desempenhou funções de topo, trata-se de um verdadeiro braço de trabalho! O homem nem deve respirar com tantos cargos de administração e direcção. Nem ele, nem as suas contas bancárias! O homem está no topo do topo! Mas, afinal, qual é a formação de PPC!? Licenciado no estrangeiro? Terá mestrado? Doutoramento? MBA? Não!! De facto, ficamos a saber que a licenciatura em economia, numa universidade como a U. Lusíada, é afinal muito apreciada pelo mercado. Ao que parece, a avaliar pelo exemplo de PPC, num só ano, a U. Lusíada proporciona aos seus alunos aquilo que outros, provenientes de Universidades mais prestigiadas, não conseguem obter em 10 anos de trabalho. Jobs for the boys!? Isso é apenas prática do PS! No PSD privilegia-se a meritocracia. E alguém duvida que PPC tem mérito? Eu não!! É preciso ter lata! Ooops...perdão, mérito!


* PS (não confundir com partido socialista): a informação que dá azo a esta posta de pescada consta do CV de PPC disponível em http://avaria.no.sapo.pt/cv_ppc.pdf

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"Pelas tuas mãos medi o mundo  E na balança pura dos teus ombros  Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua." Tu, sempre tu, minha pr...